Chicunda, de chamboco na mão,
Dormitando ao som do zumbido da mosca,
Já não tem paciência, não...
O calor que aumenta catinga de suor
Está demais, no Posto, sem milando.
Mas não acaba: Agora passa o quê?
Ladrão marrado com cambala, enrosca
De estranho maneira, vai perder razão!
"Roubou motiana de vizinho, malandro,
Que estava descansar do mabaça..."
«Vamos fazer o quê com ele? Dar porrada?»
Não pode; Tem direito de defesa, esse camarada,
Porque está acostumado com desgraça.
Desde quando era moana, estava pior...
Joantago
terça-feira, 28 de junho de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
A "Botica" do Correia de Mocuba.
Tem o dor maningue de bariga,
Que já num guenta, para parar:
Eu pensa, não é dos fadiga
De mabaça mais, de carpinteiro...
Está fazer os chibante dos esteira,
Para dar de saguate, p'ra os minina;
Mas a moluco, já não é os brincadeira,
Esse dos bariga, dum gajo poreiro...
Manguana, se não passa, vai nos Coreia
Do Farmácia, para mi dar os mitombo,
Porque mi parece que é os diareia!
Só tem mais os vontade de chorar,
Dos macangueiro que dá o resina
E este matuje, está-mi fazer zangar!
Joantago
Que já num guenta, para parar:
Eu pensa, não é dos fadiga
De mabaça mais, de carpinteiro...
Está fazer os chibante dos esteira,
Para dar de saguate, p'ra os minina;
Mas a moluco, já não é os brincadeira,
Esse dos bariga, dum gajo poreiro...
Manguana, se não passa, vai nos Coreia
Do Farmácia, para mi dar os mitombo,
Porque mi parece que é os diareia!
Só tem mais os vontade de chorar,
Dos macangueiro que dá o resina
E este matuje, está-mi fazer zangar!
Joantago
domingo, 22 de maio de 2011
Xicuembo Xa Nhaca.
José Craveirinha "Hamina",
Escreve sobre Xipamanine,
Pelos seus misteres e desamores,
Rua Araújo, mais voz que se afine...
Vieram "Comeones" tomar menina,
Afogar as mágoas e outras dores
Em troca da venda de carne
Nova, roliça, num gesto de charme.
Ambane Zé, esgalha uma coisa
Para quebrar a monotonia do negócio;
Marinheiros, que o vento traz na brisa
Bebem cerveja e gozam o ócio,
Transpirando sexo, numa suada camisa;
Maningues dólares, passam por Mamana Lisa.
Este poema é dedicado a todo(a)s o(a)s moçambicano(a)s que o grande homem (José Craveirinha) conheceu, descreveu e dignificou.
Joantago
Escreve sobre Xipamanine,
Pelos seus misteres e desamores,
Rua Araújo, mais voz que se afine...
Vieram "Comeones" tomar menina,
Afogar as mágoas e outras dores
Em troca da venda de carne
Nova, roliça, num gesto de charme.
Ambane Zé, esgalha uma coisa
Para quebrar a monotonia do negócio;
Marinheiros, que o vento traz na brisa
Bebem cerveja e gozam o ócio,
Transpirando sexo, numa suada camisa;
Maningues dólares, passam por Mamana Lisa.
Este poema é dedicado a todo(a)s o(a)s moçambicano(a)s que o grande homem (José Craveirinha) conheceu, descreveu e dignificou.
Joantago
quarta-feira, 16 de março de 2011
A ter em conta.
Não tenho memória de alguma infância,
Porque a vida mudou, nós mudámos...!
Eu, ainda tenho alguma relutância
Em partilhar recordações do que passámos
Com os meus amigos e conhecidos,
Por nos distanciarmos geograficamente
E culturalmente, para nos tornarmos esquecidos
Da nossa origem e da nossa gente!
Actualmente vivemos desconfiados,
Para nos defendermos dos que desconhecemos!
E acontece-nos ficarmos prejudicados
Por aqueles a quem favorecemos,
Desinteressadamente, por altruísmo...!
Cuidemo-nos contra o mal-disfarçado oportunismo.
Joantago
Porque a vida mudou, nós mudámos...!
Eu, ainda tenho alguma relutância
Em partilhar recordações do que passámos
Com os meus amigos e conhecidos,
Por nos distanciarmos geograficamente
E culturalmente, para nos tornarmos esquecidos
Da nossa origem e da nossa gente!
Actualmente vivemos desconfiados,
Para nos defendermos dos que desconhecemos!
E acontece-nos ficarmos prejudicados
Por aqueles a quem favorecemos,
Desinteressadamente, por altruísmo...!
Cuidemo-nos contra o mal-disfarçado oportunismo.
Joantago
terça-feira, 1 de março de 2011
Recados de Mocuba.
"Qui fazes no meu Loja à este hora?"
«Procuro pipos para a minha bicicleta.»
Procuro uns olhos amendoados, indianos,
Místicos, provocadores e escondidos na cortina...
Procuro o porquê da minha vizinha, sorrindo,
Depois de ler os seus curiosos recados,
Alheios a seu irmão que defende, com área felina,
O seu sangue que corre apaixonado, sem danos
Materiais, estes, incompreendidos para o comerciante!
Eu, que nunca gostei de ciclismo, a minha meta
É merecer a pena perder-me numa demora
Feminina e nos seus demais predicados...
Logo me havia de calhar este figurante!
"Vou dizer teu pai, Guveia, mesmo amanhã!"
E eu que só queria ver a sua irmã!
Joantago
«Procuro pipos para a minha bicicleta.»
Procuro uns olhos amendoados, indianos,
Místicos, provocadores e escondidos na cortina...
Procuro o porquê da minha vizinha, sorrindo,
Depois de ler os seus curiosos recados,
Alheios a seu irmão que defende, com área felina,
O seu sangue que corre apaixonado, sem danos
Materiais, estes, incompreendidos para o comerciante!
Eu, que nunca gostei de ciclismo, a minha meta
É merecer a pena perder-me numa demora
Feminina e nos seus demais predicados...
Logo me havia de calhar este figurante!
"Vou dizer teu pai, Guveia, mesmo amanhã!"
E eu que só queria ver a sua irmã!
Joantago
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
O Coqueiro.
O macubar fica bem na palhota
E eu olho, deslumbrado, o coqueiro...
Pé alto, esguio e rugoso, imponente,
Desafia a tempestade, este aventureiro...
Não encara a mais leve derrota
E indiferente, orgulhosa e calmamente,
Tem a noção correcta do seu valor,
Porque ele convive bem com o calor.
A olhar o mar, como num trato
De maior significado, detem o vento
Num equilíbrio leal e responsável!
A natureza, num respeito atento,
Sustenta este acordo, como um facto,
Que é digno, soberbo e admirável.
Joantago
E eu olho, deslumbrado, o coqueiro...
Pé alto, esguio e rugoso, imponente,
Desafia a tempestade, este aventureiro...
Não encara a mais leve derrota
E indiferente, orgulhosa e calmamente,
Tem a noção correcta do seu valor,
Porque ele convive bem com o calor.
A olhar o mar, como num trato
De maior significado, detem o vento
Num equilíbrio leal e responsável!
A natureza, num respeito atento,
Sustenta este acordo, como um facto,
Que é digno, soberbo e admirável.
Joantago
De Mocuba à Guarda.
Eis, agora, uma rica oportunidade
para me espreguiçar no passado,
com os pés descansados no presente...
e vai daí, lembro-me com saudade,
junto à piscina, ao pé da minha gente,
do pedaço de jornal, roía o amendoim melado.
Cerveja dois eme, manica, tirava a sede...
lerpa, a murro, e os traques do MP,
ecoavam,acompanhados pelas gargalhadas dos amigos;
Fuma-se um cigarro, cravado, "Tam-Tam"
e mede uma piada, engraçada, dos que escutavam,
a rádio Moçambique e os programas antigos.
Do Clube para o Ferroviário, party seguro,
caranguejo do Bajone, a temba visitada,
trazia companhia, para a bebedeira...
Não posso ficar neste sitio escuro...
Cady, o "porocho" -« estás-mi di gozada?!»
Quem despensava, tamanha brincadeira?
Ah, já me esquecia... não, é diferente... agora,
é completamente distinto... Junto à lareira,
rôo a castanha assada, estalo a língua anestesiada,
no dente, com o travo da jeropiga e vinho tinto,
adormeço a sonhar com uma terra afastada.
Já não uso os calções e a meia alta...
cortei o cabelo, que dantes era cumprido,
As Levi's, estão penduradas, num armário...
apanho míscaros e tortulhos, num gesto diário...
os que me acompanham, não são a mesma malta
e até o gozo, não faz o mesmo sentido.
O batuque deu lugar à consertina e ao realejo
e a marrabenta degenerou numa modinha.
Está na altura (é um pretexto) do São Martinho,
para me agarrar à febra e a um copo de vinho
e a dançar, resta-me por pouco o ensejo,
de manifestar a alegria que outrora tinha.
Joantago
para me espreguiçar no passado,
com os pés descansados no presente...
e vai daí, lembro-me com saudade,
junto à piscina, ao pé da minha gente,
do pedaço de jornal, roía o amendoim melado.
Cerveja dois eme, manica, tirava a sede...
lerpa, a murro, e os traques do MP,
ecoavam,acompanhados pelas gargalhadas dos amigos;
Fuma-se um cigarro, cravado, "Tam-Tam"
e mede uma piada, engraçada, dos que escutavam,
a rádio Moçambique e os programas antigos.
Do Clube para o Ferroviário, party seguro,
caranguejo do Bajone, a temba visitada,
trazia companhia, para a bebedeira...
Não posso ficar neste sitio escuro...
Cady, o "porocho" -« estás-mi di gozada?!»
Quem despensava, tamanha brincadeira?
Ah, já me esquecia... não, é diferente... agora,
é completamente distinto... Junto à lareira,
rôo a castanha assada, estalo a língua anestesiada,
no dente, com o travo da jeropiga e vinho tinto,
adormeço a sonhar com uma terra afastada.
Já não uso os calções e a meia alta...
cortei o cabelo, que dantes era cumprido,
As Levi's, estão penduradas, num armário...
apanho míscaros e tortulhos, num gesto diário...
os que me acompanham, não são a mesma malta
e até o gozo, não faz o mesmo sentido.
O batuque deu lugar à consertina e ao realejo
e a marrabenta degenerou numa modinha.
Está na altura (é um pretexto) do São Martinho,
para me agarrar à febra e a um copo de vinho
e a dançar, resta-me por pouco o ensejo,
de manifestar a alegria que outrora tinha.
Joantago
«Muchém».
Cheirou-me a humidade...
São os primeiros pingos de chuva...
À volta do candeeiro aceso,
Os muchéns voavam em comunidade
De encontro à lâmpada, de claridade turva.
É o insecto alado, cansado, tonto e indefeso!
Corriam, os moanas, pelo chão húmido,
Pejado de muchéns desasados,
Enchendo as latas de leite condensado,
Enquanto os seus rostos sorridentes,
Anteviam um manjar apetecido,
Vinham, aos milhares, muchéns de todo o lado!
O morro de saibro, construído
Laboriosamente, por um exército
Organizado e aparentemente suicida,
Seria o prenúncio de um tempo diluído,
Por aquele ajuntamento conseguido,
Numa curta, louca e estranha vida!
Ah! Agora sim, o silêncio,
Pela noite dentro, ouvindo chuver.
O travo gorduroso e degostado
Do muchém, com que me delicio,
Vou saboreando numa palhota qualquer,
Onde me perco num instante descansado!
Joantago
São os primeiros pingos de chuva...
À volta do candeeiro aceso,
Os muchéns voavam em comunidade
De encontro à lâmpada, de claridade turva.
É o insecto alado, cansado, tonto e indefeso!
Corriam, os moanas, pelo chão húmido,
Pejado de muchéns desasados,
Enchendo as latas de leite condensado,
Enquanto os seus rostos sorridentes,
Anteviam um manjar apetecido,
Vinham, aos milhares, muchéns de todo o lado!
O morro de saibro, construído
Laboriosamente, por um exército
Organizado e aparentemente suicida,
Seria o prenúncio de um tempo diluído,
Por aquele ajuntamento conseguido,
Numa curta, louca e estranha vida!
Ah! Agora sim, o silêncio,
Pela noite dentro, ouvindo chuver.
O travo gorduroso e degostado
Do muchém, com que me delicio,
Vou saboreando numa palhota qualquer,
Onde me perco num instante descansado!
Joantago
Kizumba.
Quem tem medo de Kizumba,
Tem medo de perder o nariz...
Percebe o choro e o mau cheiro
E o cadáver já foi devorado.
Anda de noite, por qualquer lado...!
Uma Kizumba por companhia,
Formiga talaco já é dia.
Eu faço tudo, para ser feliz.
Joantago
Tem medo de perder o nariz...
Percebe o choro e o mau cheiro
E o cadáver já foi devorado.
Anda de noite, por qualquer lado...!
Uma Kizumba por companhia,
Formiga talaco já é dia.
Eu faço tudo, para ser feliz.
Joantago
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Não esquecer "Pirolito"!
Moda, bili, taro, nai eu conto,
Numa lembrança, uma quinhenta!
Já não faço, nenhum desconto,
Para dançar a minha marrabenta...!
Moda, bili, taro, nai continua,
Nesse caminho do passado
E veste maningue bem o intimua,
A passear, com a motiana ao lado!
Moda, bili, taro, nai esquece
Manica, dois Eme, mata a sede;
Moana, chega no pai e pede
Outra quinhenta e agradece,
Para Domingo comprar pirolito,
Tão doce, que nem acredito!
Joantago
Numa lembrança, uma quinhenta!
Já não faço, nenhum desconto,
Para dançar a minha marrabenta...!
Moda, bili, taro, nai continua,
Nesse caminho do passado
E veste maningue bem o intimua,
A passear, com a motiana ao lado!
Moda, bili, taro, nai esquece
Manica, dois Eme, mata a sede;
Moana, chega no pai e pede
Outra quinhenta e agradece,
Para Domingo comprar pirolito,
Tão doce, que nem acredito!
Joantago
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
O Assalto Babuíno à palhota de Ngwango.
Os Saguis, constituindo-se em bando,
Porque a fome sentiram-na mais forte,
Perpetraram um ataque à Palhota
De Ngwango, que tinha saído de visita.
Em missão de alerta os mais mwanas macacos,
Observando, atentos, de vez em quando,
Guinchavam, para avisarem da sorte
Destinada pelo regresso do agricultor...
E a (des)organização é tal, que só denota,
Ainda que algum mais velho assim insista,
Por mais uma massaroca, sob os sovacos,
Deixando, pelo caminho, quantidade maior,
Numa verdadeira cena, deveras engraçada,
No meio de toda a trupe alvoroçada!
Joantago
Porque a fome sentiram-na mais forte,
Perpetraram um ataque à Palhota
De Ngwango, que tinha saído de visita.
Em missão de alerta os mais mwanas macacos,
Observando, atentos, de vez em quando,
Guinchavam, para avisarem da sorte
Destinada pelo regresso do agricultor...
E a (des)organização é tal, que só denota,
Ainda que algum mais velho assim insista,
Por mais uma massaroca, sob os sovacos,
Deixando, pelo caminho, quantidade maior,
Numa verdadeira cena, deveras engraçada,
No meio de toda a trupe alvoroçada!
Joantago
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