Domvs Mvnicipalis.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Parabéns Mocuba.


Mocuba é assim, discreta na idade
Mesmo no seu dia de Aniversário:
Acorda resplandecente e suave,
Engravida de movimento indígena
E espreita, reservada, o estrangeiro…
Espreguiça-se no passado de um baú
De recordações gratas e permanentes,
Enquanto recebe os parabéns e a saudade.
Quantas velas contará este bolo caseiro,
Da imagem que me ficou dela, tão serena?!
Na sua “porta” introduzir-se-á a chave
Da Cidade, do sentir das suas gentes
Que nela se revêem na amabilidade
E no amor apaixonado, sem qualquer tabu.
Mocuba é a terra que ficou exactamente
No meu coração vadio e aventureiro
Para lhe cantar hoje, alegremente…

 
Joantago

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

África estonteante.


 

Poisou um “marrié” na papaieira
Debicando calma e gulosamente
O fruto amarelo-avermelhado…
De tão distraído, não deu atenção
À surucucu que subia pelo tronco,
Com o olhar fixo na ave indefesa!
África tem um perigo estonteante
Na beleza de uma linda canção,
Apaixonada pela sobrevivência,
Porque o predador, á sua maneira,
É ético e respeitador da vítima…
À excepção do leopardo, sanguinário,
Até ele, por vezes, se sublima,
Equilibrando-se na natureza:
Só o fraco e doente é sacrificado
No cumprimento do ciclo hereditário.
Esta é a vida que o marrié conhece:
Valendo-se de toda a experiência,
Enquanto existe, faz o que lhe apetece.

Joantago

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Apenas uma Palavra.


Tenho muitas saudades do Licungo, do Lugela…
Gostava de escrever um nome em todas as margens,
Com uma cana que apanhasse por ali, deixar marca
Que a água, quando subisse, não apagasse mais…
Apetecia-me pisar a areia e passar ao lado da água
E tentar não molhar o rosto com alguma lágrima
Que não conseguisse conter, do meu sentimento…
Esse nome que me cresce no cérebro, no quotidiano,
Incendeia-me a mente, de uma forte mágoa,
Parecendo inquirir-me sobre a sua história,
Que não vivi, não senti, nem vi quaisquer imagens
Restando-me relatos distantes, que foram demais
As mudanças e o tempo que passou pela memória
De um povo igual a tantos outros, no sentir africano;
Que tolera a diferença, no melhor consentimento.
A palavra que a cana desenhasse, seria aquela
Que apenas traduzisse o amor autêntico aos rios,
Às suas gentes, á terra que os ladeia, á vida
E que estes levassem, na sua corrente, uma caravela
Com a saudade de alguns, como eu alvedrios,
Que sabemos o que é ter uma paixão sofrida.

 
Joantago

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Voo da minha saudade.


A paisagem que se me depara e me absorve
Chama-me no silêncio do céu, nesta altura,
Com um grito surdo de nostalgia escondida.
A serra ergue-se-me no olhar da minha pequenez
Ante a sua imponência pela escarpa molhada:
São lágrimas da montanha que choram a solidão.
O meu pensamento, qual condor desprendido,
Esvoaça para lá, para outro continente longínquo;
Sento-me numa rocha gasta, da erosão polida,
E mantenho a calma de um ser que se comove
Pela natureza, que baixinho murmura:
Deixa que a tua saudade vai ser compensada
E o teu destino facilmente será cumprido,
Pela importância das tuas oportunidade e gratidão!
Mede o teu sentimento, neste momento sem recuo,
Nascendo, crescendo e terminando na sua vez…

 
Joantago